18 de outubro de 2010

Deportada

Isso mesmo. É quase inacreditável, mas foi o que aconteceu.
Uma situação absurdamente constrangedora.
Por um erro de quem cuidava do meu visto, fui avisada que deveria deixar o país em no máximo 03 dias.
De repente você planeja sua vida, programa as férias, pensa no que vai fazer quando reencontrar a família, quer organizar tudo pra rever os amigos. Coisas que todo expatriado gosta de pensar com antecedência.
E de um dia para o outro você vê todos os planos escorrendo pelo ralo.
E olha que eu nem sou de planejar demais.
Mas a sensação é péssima. Acho que só quem já passou por algo parecido pode dizer.
Ter que juntar suas coisas e sair como se tivesse cometido um crime, feito algo de errado.
Ser escoltada por um oficial e não poder nem encostar no seu passaporte. Como se a qualquer momento você fosse fugir. Quase prisioneira até terem certeza de que está indo embora mesmo.
E o pior de tudo é ainda querer voltar pra esse lugar.
Sim! Podem me chamar de maluca!
Mas a minha maior preocupação o tempo todo era se conseguiria voltar.
E isso foi algo que só me dei conta quando aconteceu. Até bem pouco tempo atrás eu estaria mais do que pronta pra seguir com a vida cigana.
E de repente me descobri querendo ficar.
Para os que me conhecem fica óbvio que deve haver um belo motivo pra isso.
Fiz sim amigos muito queridos. Adoro a praia. Gosto da vida que levo em Luanda.
E senti um certo comodismo também em continuar onde já estou adaptada. Algo que também me pegou de surpresa.
Enfim, os últimos dias foram um turbilhão de emoções, poucas horas dormidas, despedidas, e agora reencontros, alegrias, dúvidas. Ai que saudade da vida tranqüila...

Comerciais de Tv

Aqui vão os meus comerciais de Tv favoritos.

10 de outubro de 2010

Algumas estatísticas

·         Dados de 2008 sobre Expectativa de Vida:
Mundo: 66,5 anos
Angola: 37,92 anos
Brasil: 72,86 anos

E o que isso muda na perspectiva de vida das pessoas?!
Logo que cheguei aqui ficava espantada com as mulheres na rua cheias de filhos. Elas próprias pareciam tão novas. As funcionárias, colegas de trabalho com seus vinte e poucos anos geralmente já são casadas e têm lá pelo menos uns 2 ou 3 filhos.
Elas acham um absurdo que eu seja solteira, que não tenha filhos. Ficam tentando arrumar pretendentes. Peguei no outro dia elas avaliando alguns homens no trabalho e dizendo: “Não, este é muito velho pra ela”. “Prefiro aquele outro ali, é mais bonito”.
E no início eu não entendia a pressa delas em se casar e ter tantos filhos. Mas quando parei pra pensar na expectativa de vida deles, comecei a perceber que até fazia sentido (E não que essa seja a única explicação).
A minha faixa de idade, por exemplo, corresponderia a 74% da vida de uma angolana. Ou seja, eu já estaria na reta final, mais pra lá do que pra cá... Talvez realmente devesse correr logo para arranjar o tal marido e os miúdos, se quisesse ver eles chegarem pelo menos à adolescência.
Mas de acordo com a expectativa brasileira eu teria vivido aproximadamente 38%. Diferencinha razoável. E olha que o Brasil nem é referência nesse quesito.


Mas tenho que acrescentar algumas correções. Em 2008 a expectativa de vida em Angola, segundo dados divulgados pelo Sr. presidente aumentou para 47 anos.
A mortalidade infantil passou de 150 para 110 mortes a cada 1000 nascidos.
A porcentagem de nascimentos assistidos por um profissional de saúde aumentou de 22 para 49%.
Mais de 60% das famílias angolanas não possuem "habitação digna".
47% dos cidadãos angolanos possui um telefone celular.

9 de outubro de 2010

Não quero lavar o carro!!!

Uma coisa que pode ser bem cansativa aqui são os pedintes. Estão por toda parte. E sempre chamam de “madrinha” e “pai grande”. E eu penso comigo “Madrinha é o C@#%¨%&!!!” Eu não tenho afilhado e muito menos filho do tamanho deles. Porque são adultos mesmo, marmanjos.
Mas achei engraçado dentro de um condomínio residencial, onde a toda hora eles batem na porta das casas pra pedir alguma coisa. E então vi essa placa:


Esse já chegou no nível de impaciência do Sr. Pimenta. kkkk
Será que eu estou chegando lá?!

8 de outubro de 2010

Falta água, falta luz, falta...

Um funcionário chegou contando que começou a assistir o jogo de futebol, mas só viu um pedaço porque depois a luz acabou.
Imagine aquela final de campeonato! O povo enlouqueceria.
E tem ainda a dificuldade para se estudar. Porque os pobres trabalham durante o dia e se quando chegam em casa a noite não tem luz, fica complicado. O jeito é tentar estudar com a lamparina.
E o mais curioso é que na área nobre da cidade isso acontece com menor freqüência. Já houve dias de sair a noite e ver tudo em volta escuro, mas só aquela pequena área da cidade bem iluminada.
A falta de água também é comum. Estou num hotel 4 estrelas e já fiquei sem água várias vezes. Você abre o chuveiro pra tomar banho e nada. E quando a água volta está daquela cor que já mostrei aqui antes.
E ainda reclamamos do mal cheiro de alguns. Mas nem todos têm acesso à água mesmo.





São tantas faltas...

5 de outubro de 2010

Miúdo

Miúdo
Eu pensei em contar aqui a história dessa foto. Mas achei tão fantástica, tão espontânea, que vou preferir deixar por conta da criatividade de vocês.
Que cada um imagine o que se passa nessa cena!
Eu vou sempre me lembrar só de bater o olho. Tirei a foto do meu celular, de dentro do carro. Sou encantada pela imagem.

Kissama

Parque Nacional Kissama



Passei o dia no Parque de Kissama. Saí bem cedo. O parque fica a mais ou menos 70 km de Luanda. Tem uma área de 9960 m2. Foi criado como Parque de Caça em 1938. Nessa época se iniciou o extermínio dos animais. Em 1957 se tornou Parque Nacional, mas a guerra civil ainda perpetuou a matança por vários anos.
Hoje em dia pouco existe do que já houve um dia. O meu guia durante o “safári” foi o velho Francisco. O coitado deve ter ficado cansado com as minhas milhares de perguntas.
Ele vai escolhendo o caminho e procurando na mata pelos animais. Logo que saímos ele disse “Olha o Gnô!”. Mas eu olhei e não vi nada. Meia hora mais tarde ele torna a mostrar o Gnô. E eu nada... Por fim eu se não era um Gnomo! Eita bicho pra sumir no meio da mato desse jeito! Rs    Só no terceiro ou quarto que o Seu Chico mostrou é que eu finalmente conseguir ver.
Vi também o Kudu. Mais um que eu não conhecia. O macho com chifres e a fêmea sem. O Golungo também, que chamamos de veado. Macacos; muitos pássaros diferentes, avestruzes e, finalmente, as girafas.


São lindas! Vi pelo menos 10 delas.



Faltou ver os elefantes, e as zebras! Que eu queria tanto estampar aqui. Seria a n° 3...
Definitivamente o passeio valeu a pena. Recomendo.

3 de outubro de 2010

Feitiço

Simpatias, feitiços, magias, mandingas, encantamentos, orações, amuletos, talismãs, feitiçaria, benzimentos, bruxaria, alquimia...
As pessoas aqui acreditam muito nos feitiços. Ouvi alguns casos que vou tentar recontar.
O primeiro foi o de um jovem que tinha problema no joelho, mas queria jogar futebol. O amigo com joelho bom faz o feitiço pra emprestar o joelho ao outro. Ele então pode entrar, jogar bola, e no final devolve o joelho.
Ouvi também a de uma menina que tinha convulsões. Jamais se suspeitou de epilepsia, mas sim de feitiço, trabalho, ou de estar possuída.
Mas o mais engraçado foi o do homem que estava com problemas de ereção. E procurou o feticeiro, que ‘tirou’ o órgão do rapaz. Disse que ele fosse pra casa e voltasse depois de alguns meses pra ‘colocar’ de volta, recuperado. Passado aquele período o homem volta à vila do feiticeiro, mas descobre que ele morreu! E agora, como faz pra devolver?! kkkkk
Em geral um feitiço consiste em algo que é uma necessidade urgente. E as amarrações amorosas são também famosas.
Queria eu poder acreditar no poder de um feitiço. Pra resolver os problemas, pra ajudar a tomar as decisões difíceis, fazer com que as pessoas atendam sempre às nossas expectativas. Pra simplificar a vida, tirar a ansiedade ou o que mais desejar... Com certeza o feitiço é uma bênção!