3 de outubro de 2011

Províncias


Conheci algumas cidades no interior do país.
N'Dalatando, capital do Kwanza Norte, é um cidade grande. Foi um dia conhecida como "cidade jardim". Entretanto hoje não se vê isso mais. O melhor jardim por lá era o meu mesmo. E olha que eu já falei sobre isso... minha nota é 1 ou 2 em jardinagem.
Quibaxe, por sua vez, é bem pequena.
O que acho muito curioso quando pesquiso sobre essas cidades na internet, porque o que se encontra são sempre relatos muito antigos, com belas fotos. E a realidade que se vê hoje é a da destruição que a guerra causou.
Para mim é muito estranho para mim que uma cidade tenha aparência melhor em 1960 que em 2011.
A reconstrução avança, mas é inevitável pensar no tempo perdido. 
Ao longo das estradas vemos aquelas comunas bem pequenas mesmo. Muitas vezes no meio do nada. Para mim a impressão é de serem quase indígenas mesmo. Vivem dos animais que caçam na mata, dos peixeis que pescam quando ha rio ou o mar por perto. Colhem frutas, plantam verduras. Vendem vários desses produtos para conseguir algum dinheiro e obter o que falta.
Mas as casas são feitas na sua grande maioria de barro.
Vemos mulheres caminhando com uma bacia imensa na cabeça e a catana pendurada. Levam lenha, água, ou o que mais for preciso.
E devem caminhar distancias enormes porque as vezes passo por elas e percebo que a próxima comuna fica a quilômetros de distancia.
E o sol rachando.
Outra coisa que me impressiona sempre na beira da rodovia são os miúdos. Crianças muito pequenininhas mesmo.
Lembro da minha mãe cheia de zelo segurando minha mão para atravessar a rua. E chega a parecer um exagero quando vejo aqueles bebes brincando ali e um caminhão enorme passando a 80km/h. De repente um deles deixa a bola ir pra onde nao devia, ou corre atras de um animal, ou simplesmente resolve atravessar.
E os animais são outro problema. Sao galinhas, porcos e bodes.
Ficam soltos ali na beiradinha também. E pobre do motorista que atropelar. Outro dia queriam cobrar U$100,00 por um porquinho.
Nas comunas existe sempre o 'soba'. Ele é um misto de prefeito com líder espiritual. Mas o cargo é hereditário, passa de pai para filho. Ele guia a comunidade e toma algumas das decisoes, resolve problemas.
A maior realidade ao longo do que percorri foi a pobreza e o contraste.

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