18 de outubro de 2010

Deportada

Isso mesmo. É quase inacreditável, mas foi o que aconteceu.
Uma situação absurdamente constrangedora.
Por um erro de quem cuidava do meu visto, fui avisada que deveria deixar o país em no máximo 03 dias.
De repente você planeja sua vida, programa as férias, pensa no que vai fazer quando reencontrar a família, quer organizar tudo pra rever os amigos. Coisas que todo expatriado gosta de pensar com antecedência.
E de um dia para o outro você vê todos os planos escorrendo pelo ralo.
E olha que eu nem sou de planejar demais.
Mas a sensação é péssima. Acho que só quem já passou por algo parecido pode dizer.
Ter que juntar suas coisas e sair como se tivesse cometido um crime, feito algo de errado.
Ser escoltada por um oficial e não poder nem encostar no seu passaporte. Como se a qualquer momento você fosse fugir. Quase prisioneira até terem certeza de que está indo embora mesmo.
E o pior de tudo é ainda querer voltar pra esse lugar.
Sim! Podem me chamar de maluca!
Mas a minha maior preocupação o tempo todo era se conseguiria voltar.
E isso foi algo que só me dei conta quando aconteceu. Até bem pouco tempo atrás eu estaria mais do que pronta pra seguir com a vida cigana.
E de repente me descobri querendo ficar.
Para os que me conhecem fica óbvio que deve haver um belo motivo pra isso.
Fiz sim amigos muito queridos. Adoro a praia. Gosto da vida que levo em Luanda.
E senti um certo comodismo também em continuar onde já estou adaptada. Algo que também me pegou de surpresa.
Enfim, os últimos dias foram um turbilhão de emoções, poucas horas dormidas, despedidas, e agora reencontros, alegrias, dúvidas. Ai que saudade da vida tranqüila...

Um comentário:

  1. Nota de esclarecimento: Teoricamente eu não fui "deportada", mas apenas "convidada a me retirar".

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